O que precisa saber

Asma grave: quando a asma é de difícil controlo

Atualizado: 
03/05/2022 - 11:43
Estima-se que, em todo o mundo, existam cerca 242 milhões de doentes asmáticos. Destes, calcula-se que 10% sofram de asma grave, um subgrupo da asma de difícil controlo que obriga a uma avaliação e intervenção terapêutica mais rigorosa e com um acompanhamento mais apertado. É que embora se trate de uma doença crónica, e por isso sem cura, o seu tratamento permite que o doente possa ter uma vida normal.

“A asma é uma doença crónica, não tem cura, mas tem tratamento”. Esta é a principal mensagem que a Imunoalergologista, Ana Mendes, pretende passar relativamente a uma patologia que, em Portugal, se estima que afete cerca de 6,8% da população. E que, apesar da sua prevalência, ainda não é bem compreendida. Senão vejamos: segundo a especialista ainda muitos são aqueles que acreditam que só é necessário recorrer a medicação nos momentos de crise. “Este mito é o mais prevalente e faz com que grande parte dos asmáticos não tenha a sua doença controlada”, revela. Por outro lado, admite que ainda há a ideia de que esta é uma doença que só atinge as crianças. “Apesar de ser frequente em crianças, atinge qualquer grupo etário”, sublinha. Além disso, apesar de lhe poderem ser atribuídos vários graus de gravidade, indo do ligeiro a grave, esta é uma doença que, devidamente, controlada, e ao contrário do que muitos julgam, permite uma vida ativa perfeitamente normal.  

“A asma é uma doença crónica habitualmente caraterizada por inflamação dos brônquios e obstrução variável dos mesmos, traduzindo-se clinicamente por sintomas como dispneia (falta de ar), pieira (chiadeira peito), aperto torácico ou tosse, que variam em intensidade e duração e podem ser intercalados por períodos assintomáticos”, começa por explicar a especialista em Imunoalergologia com o intuito de desmistificar a doença.

“Estes sintomas podem limitar as atividades diárias, interferir no sono, levarem a ausência escolar ou laboral ou, quando mais intensos, obrigarem a ida ao Serviço de Urgência hospitalar”, acrescenta adiantando que “a asma pode-se dizer controlada ou não controlada, consoante a presença de sintomas e limitações”.

Quanto à sua gravidade, a especialista explica que esta pode variar entre ligeira, moderada e grave, classificando-se “de acordo com a medicação de base que é necessária para controlar a doença, ou seja, quanto maior o nível de terapêutica exigido para que o doente esteja bem, mais grave é a asma”.

Entre os fatores que podem potenciar ou desencadear crises estão: “infeções virais, exposição a ambientes poluídos ou cheiros ativos, exposição a alérgenos (no caso da asma alérgica), ar frio, alguns tipos de exercício e o riso”. No entanto, Ana Mendes, reforça que estas crises são mais frequentes se a patologia não estiver sob controlo.

“O diagnóstico é feito com base na história clínica, mediante a presença recorrente dos sintomas já atrás mencionados e deve ser complementado pela realização de exames funcionais respiratórios: um aumento do valor de FEV1 >200 mL e/ou >12% em relação ao valor basal após prova de broncodilatação é indicativo de asma.  De referir que a observação física do doente pode ser completamente normal no período intercrise e, por isso, não faz parte dos critérios de diagnóstico”, acrescenta.

No que diz respeito ao tratamento, e neste caso em específico ao tratamento da asma grave, a especialista avança que este “difere dos outros essencialmente pela necessidade de adaptar a medicação e o plano terapêutico àquele doente”.

“A asma grave é um subgrupo da asma de difícil controlo. Nestes doentes temos de verificar, como em todos, a adesão à terapêutica, verificar a técnica inalatória, avaliar e eliminar fatores agravantes (ex.: tabaco, exposição ambiental), tratar doenças concomitantes (comorbilidades) e depois, subir degraus de terapêutica”, explica adiantando que, embora neste grupo de doentes a terapêutica com biológicos seja uma opção, “é necessário identificar qual a etiologia (origem) da sua asma (endótipo) para podermos adequar a escolha do biológico”. “Estes doentes requerem uma avaliação mais extensiva e intensiva e um acompanhamento mais apertado, de preferência, por uma equipa multidisciplinar que possa avaliar todos aqueles fatores que possam fazer descompensar a asma”, reforça a médica.

“A asma mantem-se sob controlo fazendo medicação de base diária”, sublinha, referindo que, como esta é uma patologia que pode variar de gravidade ao longo do tempo, é essencial que todos os doentes, desde os casos mais ligeiros aos mais graves, não descurem a avaliação periódica, de modo a alterar a terapêutica, caso seja necessário. Por outro lado, afirma ainda que “a adesão à terapêutica e a verificação da técnica inalatória avaliadas de forma regular são essenciais”.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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