Opinião

Asma atinge 175 mil crianças e jovens em Portugal

Atualizado: 
27/01/2020 - 12:35
Estima-se que em todo o mundo a asma afete cerca de 300 milhões de pessoas. Em Portugal são cerca de 700 mil os que convivem com a doença. Destes, 175 mil são crianças e adolescentes. Hoje, a especialista em Imunoalergologia, Amélia Spínola Santos, escreve sobre a importância da adesão ao tratamento.

A asma é uma doença inflamatória crónica dos brônquios que leva à dificuldade da passagem do ar. Manifesta-se por crises de tosse, pieira, falta de ar (dispneia) e ou pressão no peito (bloqueio torácico), desencadeadas por estímulos específicos como alergénios ou inespecíficos (agentes químicos como exposição a lixivia e outros poluentes e ou agentes físicos como diferenças de temperatura, poeiras e outros), infeções respiratórias e ou exercício físico. É uma doença que não tem cura, mas que se pode controlar com tratamento e medidas de prevenção ambiental.

A asma é uma doença heterogénea com diferentes graus de gravidade e tem uma elevada prevalência, afetando mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Frequentemente manifesta-se logo na infância, mas também pode surgir nos outros grupos etários.

De acordo com os dados do Inquérito Nacional de Prevalência da Asma em 2010, a asma afeta cerca de 7% da população portuguesa (700 mil portugueses com asma em que 175 000 são crianças e adolescentes). Estima-se que apenas 57% dos asmáticos tem a sua doença controlada e calcula-se que cerca de 300 000 portugueses necessitam de melhor intervenção para o controlo da doença. Aproximadamente 60% dos asmáticos tem limitação da sua atividade física por causa da sua asma.

Na infância, a asma é a doença crónica que mais frequentemente motiva idas ao Serviço de Urgência. Em Portugal um terço das crianças com asma é internada pelo menos uma vez na vida por agudização da asma e em média cada criança com asma recorre ao Serviço de Urgência uma a duas vezes por ano e falta à escola seis dias por ano.

O Dia Mundial da Asma é promovido desde 1998 pelo Global Initiative for Asthma (GINA) com a chancela da Organização Mundial de Saúde. Este dia é assinalado anualmente na primeira terça-feira de maio e por isso, este ano 2019, ocorre no dia 7 de maio. Tem o objetivo de sensibilizar a população para a necessidade de conhecer a asma e as suas complicações, procurando melhorar a adesão ao tratamento e impedir a evolução da doença.

O Dia Mundial da Asma está anualmente cunhado com um lema com impacto comunicacional. Este ano, o GINA apresenta-o como “STOP for Ashma”, em que o símbolo internacional de STOP para indicar “parar a asma”. As siglas da palavra STOP estão associadas as seguintes palavras-chave:

Sintomas (avaliar sintomas e adequar ao plano terapêutico);

Testar a resposta obtida com o tratamento de controlo e medidas ambientais;

Observação e avaliação continuada;

Proceder ao ajuste terapêutico em função do uso da terapêutica de alívio e das medidas a ambientais.

O mote “STOP para a Asma”, pretende apelar para a educação do asmático através da melhor interação na comunicação entre o doente e o seu médico com o objetivo de melhorar as principais dificuldades no controlo da asma como a baixa adesão ao tratamento regular e continuado e a incorreta utilização dos dispositivos inalatórios permitindo que cada asmático tenha uma vida mais saudável, nomeadamente sem limitações físicas, sem agudizações, urgências ou internamentos nem absentismo laboral ou escolar.

Para o Dia Mundial da Asma em 2019, a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) e Associação Portuguesa de Asmáticos (APA) apoiam as atividades de duas campanhas: #paraqueaasmanaotepare# com produção de um videoclip com o “Hino da Primavera” inspirado no lema “STOP for Asthma, apoiada pela Mundipharma e “Vencer a asma! Antes que asma o vença a si”, apoiada pela GlaxoSmithKline.

Estas duas campanhas pretendem sensibilizar os doentes asmáticos, profissionais de saúde e a população em geral, alertando para importância do controlo da asma no sentido de melhorar a qualidade de vida do doente asmático.

 

Autor: 
Dra. Amélia Spínola Santos - Imunoalergologista no Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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