16 de abril. A data que mudou o futuro dos doentes com estenose aórtica
Foi colocada através de um acesso vascular periférico (reconhecida a partir desse momento em todo o mundo por TAVI - Transcatheter Aortic Valve Implantation) a primeira válvula artificial aórtica. Nesta altura, este foi um feito incrível e a descoberta levou a um rápido desenvolvimento na indústria dos dispositivos médicos.
Em Portugal, o mesmo procedimento foi realizado em 2007, no Hospital de Gaia, pelo Dr. Vasco da Gama Ribeiro e a sua equipa.
Desde então, a adoção deste procedimento tem tido cada vez mais expressão. Nos últimos 15 anos, foram realizadas mais de cinco mil intervenções em Portugal, com metade destas a serem realizadas nos últimos 3 anos, o que representa o crescimento desta atividade nos últimos anos, culminando com o grande crescimento que se registou na era da covid-19, com um número recorde de intervenções em 2021.
Segundo o Registo Nacional Valvular da Cardiologia de Intervenção foram feitas no ano passado em Portugal 1.196 intervenções valvulares transcateter, a esmagadora maioria de forma minimamente invasiva por acesso femoral e com uma taxa de sucesso superior a 98%. Foram tratadas mais mulheres do que homens e a média de idade foi de 81 anos. A esmagadora maioria da intervenção corresponde a TAVI.
A nível mundial, foram implantadas cerca de 250.000 TAVI em todo o mundo no ano passado e espera-se que o número duplique em apenas 2 anos.
Estima-se que mais de 30.000 pessoas sofram de estenose aórtica em Portugal e que uma importante fatia destes doentes tenha indicação para tratamento, devendo o nosso Sistema Nacional de Saúde garantir a acessibilidade ao melhor tratamento, quer seja por TAVI ou não.
Este é um problema de saúde com grande expressão nos países de maior esperança de vida, pois afeta sobretudo as pessoas a partir dos 65 anos. Esta informação torna-se especialmente relevante se pensarmos no facto de que quase 25% da nossa população está acima desta idade.
Antes de existir a TAVI, os doentes com estenose aórtica eram frequentemente recusados para cirurgia devido à idade avançada ou aos problemas de saúde que aumentavam o risco da cirurgia. Devido a isto, cerca de 1/3 dos doentes ficava sem qualquer tratamento e, por isso, sujeito a morrer precocemente (80% mortalidade aos 3 anos). Assim, o que se assistiu em todo o mundo
não foi uma competição entre a cirurgia e a TAVI, mas sim uma oferta de tratamento complementar para ajudar o maior número de doentes.