Desde muito cedo

Alcoolismo: uma preocupação…

Atualizado: 
06/07/2015 - 16:09
O consumo excessivo de álcool é uma ameaça à saúde pública mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Um quarto dos jovens europeus dos 15 aos 29 anos morre devido ao álcool em excesso. Numa lista de 34 países da Europa, Portugal surge no nono lugar no que se refere à média anual de consumo de álcool puro per capita, com 13,43 litros, segundo o relatório "Álcool na UE", da OMS. Portugal é um dos países de maior consumo mundial.

Cada vez mais assiste-se ao início do consumo de álcool em idades muito precoces (13 anos), na generalização do consumo excessivo por parte das raparigas e na adopção muito frequente do consumo tipo binge drinking (mais conhecido por bebedeira). O consumo tipo binge drinking constitui um padrão de consumo com consequências muito graves, em que para além do risco de acidente de viação, existe também o risco de violência (homicídios, roubos, violência sexual), de queda, de sexo não seguro, e sabe-se que as células cerebrais podem ficar danificadas para sempre.

Álcool é a droga legal com maior dependência
As drogas ditas legais são, sem sombra de dúvida, as mais frequentes dependências, constituindo-se o álcool a principal e mais prevalente.

De acordo com a nova lei do álcool, que entrou em vigor a partir de 1 de maio de 2015, o consumo e a venda de bebidas alcoólicas deverão ser proibidas em postos de combustível e, depois da meia-noite, em qualquer estabelecimento que não seja de restauração e bebidas. Esta lei permite o consumo de álcool apenas a indivíduos a partir dos 18 anos da idade.

As restrições da venda álcool a menores de idade abrangem, porém, apenas as bebidas de elevado teor de álcool, as bebidas espirituosas. O consumo de vinho e cervejas continua a não ser proibido a jovens a partir dos 16 anos.

Nova lei proíbe venda em postos de combustível
A nova legislação alarga ainda a proibição de venda a postos de combustível e a "qualquer estabelecimento" entre as 00h00 e as 08h00, com excepção dos estabelecimentos de restauração e/ou bebidas e dos estabelecimentos de diversão noturna.

A nova lei passa também a prever a obrigatoriedade de venda de bebidas alcoólicas em recipiente de "material leve e não contundente" em salas de espectáculo, incluindo arraiais populares, concertos musicais ou festas académicas. Uma obrigatoriedade que não se aplica a recintos onde simultaneamente se desenvolvam actividades de restauração ou de bebidas, como casas de fado, café-teatro e casinos.

O decreto de lei publicado prevê ainda uma maior intervenção local da ASAE, PSP e GNR que poderão determinar "o encerramento imediato e provisório do estabelecimento". Estão ainda previstas sanções acessórias que passam pela "interdição, até um período de dois anos, do exercício da actividade directamente relacionada com a infracção praticada".

Mortes violentas relacionadas com consumo de álcool
Estudos dizem que as mortes violentas particularmente o suicídio e homicídio, estão mais fortemente correlacionadas com os consumos de álcool do que com as drogas ilícitas, contudo paradoxalmente existe mais medo social das drogas do que do álcool.

Quem já não ouviu dizer que o álcool é uma droga? Mas, ainda assim, muitos não encaram o acto de beber como um ato de “pôr droga no nosso organismo”. É importante que as pessoas compreendam que o abuso de álcool prejudica o sistema nervoso central e periférico, assim como a sua capacidade de julgamento. O alcoolismo pode ser apenas a “face visível” de um problema ainda mais sério e profundo. As pessoas podem recorrer-lhe para lidar com dificuldades pessoais ou preocupações. Deste modo, o álcool frequentemente não é o problema, mas o resultado da incapacidade do indivíduo para lidar eficazmente com as suas dificuldades (na escola, no trabalho, na casamento e nas finanças), ou uma combinação de vários problemas. O álcool é encarado como um meio de lidar com GAPsi-FCUL ou escapar a sentimentos de desesperança referentes à impossibilidade de solucionar os outros problemas.

Não existem soluções mágicas e rápidas, tal como cada indivíduo não ficou dependente/doente de álcool ou drogas em duas semanas, também não se recuperará em duas semanas. É um processo que vai demorar muito tempo.

Muitos são os caminhos para a recuperação. O modelo de auto ajuda é um caminho que tem anos de experiência, tradição e resultados. Esta situação deve merecer também a atenção das autoridades de Saúde, da Educação e dos pais.

Sites de interesse:
http://www.linhadagua.net
http://www.samtratamento.com/

 


Andreia Eunice Pinto Magina
Enfermeira Especialista Em Saúde Mental E Psiquiatria
UCC Aveiro Norte
ACeS Entre Douro E Vouga Ii - Aveiro Norte

Autor: 
Andreia Eunice Pinto Magina - Enfermeira Especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica na Unidade de Cuidados na Comunidade de Oliveira de Azeméis ACES EDV II
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
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