Serviços dos hospitais devolvidos às Misericórdias adaptados às populações
A devolução dos hospitais S. José, em Fafe, José Luciano de Castro, em Anadia, e São Paulo, em Serpa, tem por objectivo melhorar a acessibilidade na prestação de cuidados de saúde à população, “particularmente evidenciada na área do ambulatório médico e cirúrgico”, afirmou o ministro da Saúde, Paulo Macedo, na cerimónia de assinatura do protocolo entre o Ministério da Saúde e a União das Misericórdias Portuguesas (UMP).
Adicionalmente, estas unidades incluem a prestação de cuidados continuados integrados, abrangendo as tipologias de convalescença, paliativos, unidades de média e longa duração, “actividade que se manterá e deverá desenvolver-se”, sublinhou.
O ministro da Saúde adiantou que a devolução destes hospitais às Misericórdias locais reflecte “a importância reconhecida ao sector social” na área da saúde.
“As Misericórdias aliam as exigências técnicas de prestação de cuidados de saúde à sua vocação e tradição multisseculares, à ausência de fins lucrativos e à proximidade das populações, o que as torna importantes parceiros do Estado na área da saúde”, sustentou.
A entrega da gestão destes três hospitais públicos marca o início do processo de transferência de um conjunto de unidades hospitalares, para estas instituições.
Segundo Paulo Macedo, o Governo já está a trabalhar na segunda e terceira fases deste processo, “sempre de forma serena, séria e com rigor”.
“A nossa negociação chegou a bom porto, mas demorou cerca de um ano, porque a quisemos fazer de uma forma séria, rigorosa, com transparência”, frisou.
Presente na cerimónia, o ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Pedro Mota Soares, lembrou que as Misericórdias gerem, desde 1516, “ininterruptamente hospitais”, o que lhes assegurou “uma enorme credibilidade e prestígio na prestação de cuidados de saúde”, junto das comunidades.
“No passado, o Estado não foi pessoa de bem, tomou posse unilateralmente dos hospitais das misericórdias, assumindo a gestão dessas unidades sem perguntar ou pensar noutras possibilidades, fê-lo numa lógica totalmente contrária à que este governo tem, uma lógica, uma mentalidade que não devemos deixar renascer”, comentou.
“Mas a César o que é de César”, frisou Pedro Mota Soares.
O ministro adiantou que o próximo protocolo de cooperação, que “aprofunda a parceria” com as instituições sociais, integrará a saúde, a educação e a lógica de formação, áreas em que estas instituições actuam.
Para o presidente da UMP, Manuel Lemos, a devolução dos hospitais é um “reencontro com a história”. E “aos críticos, comentadores e autarcas”, Manuel Lemos deixou um pedido: “vão ver a realidade de Vila Verde, de Riba D´Ave, da Póvoa de Lanhoso, da Mealhada, de Felgueiras, de Esposende e de outros hospitais das Misericórdias, vejam a qualidade das instalações, apurem o grau de satisfação dos profissionais e sobretudo falem com as pessoas”.