“Perdido para sempre”

Sangue com Ébola roubado na Guiné-Conacri

Um responsável governamental da Guiné-Conacri admitiu ontem que o recipiente térmico contendo uma amostra de sangue infectada com o mortal vírus Ébola, roubado no caminho para um laboratório, dificilmente será recuperado.

Um bando de ladrões assaltou um táxi na semana passada, perto da cidade de Kissidougou, que transportava a amostra do município central de Kankan para Gueckedou, no sul do país, a cerca de 265 quilómetros de distância.

“Estamos certos de que não conseguiremos encontrar esse recipiente térmico. Com a atenção da comunicação social em torno do caso, temos a certeza de que os bandidos já se livraram dele”, disse Fode Tass Sylla, porta-voz da unidade governamental de resposta ao Ébola.

Segundo Tass, o vírus não terá sobrevivido na amostra, embora diversos estudos tenham mostrado que ele pode manter-se vivo nos fluidos durante várias semanas, se não for exposto à luz solar.

As autoridades da Guiné-Conacri exortaram os ladrões a devolver a amostra, recolhida da boca de um doente pouco depois de este ter morrido.

O incidente fez soar os alarmes quanto à segurança do transporte de amostras do altamente virulento agente patogénico, que se estima matar cerca de 70 por cento dos infectados.

“A maioria das amostras recolhidas na Guiné-Conacri nos últimos tempos chega-nos por transporte público”, disse Sakoba Keita, o ministro encarregado da resposta governamental ao Ébola na Guiné-Conacri.

“Embalamos as amostras três vezes e isolamo-las três vezes com fita adesiva antes de as colocarmos nas arcas térmicas. Esta amostra foi retirada da boca de uma vítima em Kankan, antes do seu funeral”, explicou.

O Ébola, que já matou cerca de 5.500 pessoas na Libéria, na Serra Leoa e na Guiné-Conacri, transmite-se por contacto com fluídos fisiológicos infectados.

“Lamentamos este acontecimento, porque ele representa um verdadeiro perigo para a população. É um produto biológico considerado perigoso pela Organização Mundial de Saúde”, acrescentou Keita.

De acordo com o ministro, se a amostra tiver sido deitada fora num local com exposição directa ao sol, o vírus não durará mais de uma semana e não poderá ser transmitido pelo ar.

“O verdadeiro risco é que outras pessoas toquem na arca térmica e tenham contacto com o líquido”, observou.

“Entretanto, pedimos à polícia para nos ajudar a garantir que um caso destes nunca mais se repete”, sublinhou.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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