Em Lisboa

"Parlamento da Saúde" debate propostas para melhorar a saúde em Portugal

A criação de um sistema de financiamento dos cuidados de saúde assente no valor que estes produzem para o doente é uma das propostas que o “Parlamento da Saúde” vai debater e votar no sábado, em Lisboa.

Composto por 60 pessoas, entre os 21 e os 40 anos, de origens geográficas e percursos curriculares variados, o ‘Health Parliament Portugal’ é uma iniciativa que visa refletir sobre o futuro da saúde em Portugal e produzir recomendações.

Os trabalhos, que terminam a 30 de junho, foram iniciados em janeiro com a realização do primeiro plenário. No segundo plenário, que se realiza, no sábado, na Fundação Calouste Gulbenkian, os "deputados" - entre os quais médicos, farmacêuticos, investigadores, economistas, psicólogos – vão debater e votar várias recomendações para melhorar a saúde no país.

Em declarações o presidente da Comissão "O Cidadão no Centro da Decisão”, João Marques Gomes, avançou ”as cinco grandes recomendações” que vão ser votadas, entre as quais “medir os cuidados de saúde com base no valor que eles produzem para o doente”.

Em termos práticos passa por avaliar, por exemplo, o impacto de um ato cirúrgico ou de uma consulta na saúde do doente.

Segundo o investigador, esta proposta pressupõe uma mudança do paradigma, de passar a financiar o sistema por resultados das instituições.

“Os profissionais de saúde passam a saber quais são as melhores práticas” e os gestores podem “montar um sistema de financiamento dos cuidados, premiando o bom desempenho”, explicou.

Para os doentes também “é excelente porque passam a saber qual é o hospital ou até o médico que segue essas boas práticas e que tem os bons resultados”, adiantou o investigador da Nova School of Business and Economics (faculdade de economia e gestão da Universidade Nova de Lisboa).

Outra proposta relaciona-se com o “percurso do cidadão no sistema de saúde”, que inclui a criação de um registo único do doente e a definição de um gestor do percurso do doente.

“Temos que conhecer o percurso do cidadão para podermos agir em função das suas necessidades”, explicou João Marques Gomes.

“Humanizar os médicos”, através da formação, é outra das recomendações, que inclui propostas como a reformulação dos currículos pré e pós graduados dos profissionais da saúde.

“Temos médicos que são barras nos conhecimentos científicos”, mas ninguém os ensinou a lidar com pessoas, disse o responsável, defendendo também o envolvimento dos doentes nos processos formativos e de avaliação destes profissionais.

Os "deputados" propõem também aumentar a literacia em saúde da população, recomendando que todas as estratégias e campanhas de prevenção e promoção da saúde sejam pensadas estrategicamente para o seu público-alvo.

A capacitação das associações de doentes, com propostas como um manual de boas práticas para essas associações, é outra medida recomendada.

Os membros do “Parlamento da Saúde” estão divididos por seis comissões que analisam temas como “o doente no centro da decisão”, “Saúde Mental”, “Barreiras aos cuidados de saúde” e “Tecnologias de informação em Saúde”.

Para os ajudar, os "deputados" têm o apoio de um conselho consultivo e de um grupo de curadores composto por deputados à Assembleia da República e académicos.

A iniciativa começou no Reino Unido, passou pela Bélgica e no terceiro ano de existência o Health Parliament chegou a Portugal.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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