“Ensinar” sistema imunitário a responder a HIV
“Conseguimos determinar todos os passos de uma família de anticorpos desde o início, até à forma em que é mais eficiente contra o vírus, e conseguimos fazer o mapeamento das zonas do vírus que são importantes para o desenvolvimento destes anticorpos”, disse à agência Lusa Fernando Garces Ferreira a propósito do trabalho, publicado na revista Cell.
O investigador do "The Scripps Research Institute" (TSRI), nos EUA, e a sua equipa propõem “uma vacina que tem de ser ´tailer made´, feita à medida, para os diferentes passos” para que se possa "guiar o desenvolvimento do anticorpo numa determinada direcção".
O objectivo é "tentar ensinar o sistema imunitário de pessoas saudáveis, não infectadas com HIV, a produzirem esses anticorpos para que, na eventualidade de uma infecção, o sistema esteja preparado para ter uma resposta rápida e eficiente", resumiu o cientista.
“Todos temos a possibilidade de desenvolver esses anticorpos, mas é preciso realmente guiar o sistema imunitário a desenvolver esses anticorpos, por isso, provavelmente, temos de dar ao organismo diferentes vacinas”, defendeu Fernando Garces Ferreira.
“Até agora, quando o anticorpo maduro se une ao vírus, desenhamos a parte viral e é essa parte que injectamos no organismo e vamos ver se o sistema imunitário consegue reproduzir a criação desse mesmo anticorpo”, explicou.
O que falhava era que, até esse ponto final, “há muitos outros processos desenvolvidos” que, se não forem tidos em conta, impedem que se chegue ao anticorpo final, capaz de enfrentar o HIV, um vírus “muito sofisticado”.
A família de anticorpos objecto do estudo foi descoberta há alguns anos num doente com HIV e chegou-se à conclusão que 10 a 15% dos doentes, passados alguns anos, desenvolvem anticorpos “extremamente potentes” na neutralização do vírus.
O problema é que esses anticorpos “já chegam tarde porque o vírus já está instalado e uma vez o HIV instalado no nosso corpo é impossível remove-lo”, referiu Fernando Garces Ferreira.