Cegueira por oncocercose ameaça 2,5 milhões de pessoas
Segundo um comunicado da Organização Mundial de Saúde (OMS) Jean-Baptiste Roungou realiza uma visita de seis dias a Angola, para reforçar o empenho das autoridades angolanas e dos parceiros internacionais do sector da saúde na luta contra a oncocercose, também conhecida por "cegueira dos rios".
Em Angola, a oncocercose é endémica em nove das suas 18 províncias, estimando-se que em 44 municípios mais de 2,5 milhões de pessoas estão expostas ao risco de contrair a doença.
A presença de Jean-Baptiste Roungou em Luanda visa igualmente motivar os agentes comunitários para o aumento das campanhas de sensibilização e mobilização social das populações em risco.
O Governo angolano tem em execução oito projecto sob direcção comunitária (TIDC), que cobrem mais de 3.240 comunidades endémicas, apoiadas pela OMS e o Programa Africano de Luta Contra a Oncocercose (APOC).
O comunicado da OMS adianta que apesar da inexistência de um estudo sobre o impacto socioeconómico da oncocercose em Angola, estima-se que os casos de cegueira causados pela doença afectam consideravelmente a mão-de-obra, desestruturam famílias e reduzem a sua capacidade de sustento familiar.
No continente africano, 31 países totalizam cerca de meio milhão de pessoas cegas, numa estimativa de 120 milhões de pessoas em risco, devido a oncocercose, a principal causa de cegueira em vários Estados de África.
Transmitida por uma mosca preta, denominada "zimúlio", a oncocercose é geralmente encontrada em regiões próximas de rios e com vegetação abundante, provocando igualmente infecções na pele, que se manifestam pela despigmentação e prurido persistente.
De acordo com a OMS, a doença pode ser eliminada com um tratamento massivo com ivermectina, administrado uma vez por ano em áreas de risco, sob direcção comunitária.
O APOC existe desde 1995, com vista a eliminar a oncocercose como um problema de saúde pública na região africana e as suas actividades tiveram início em Angola, em 2005. Desde então, as autoridades sanitárias angolanas têm executado a estratégia recomendada pelo APOC, que consiste no tratamento massivo com ivermectina, sob Direção Comunitária, que se baseia numa participação activa das comunidades locais.
O APOC fornece apoio técnico, material e financeiro a Angola, com a oferta de meios de transporte, realização de mapeamentos epidemiológicos, capacitação de técnicos de saúde e missões de supervisão.
Entre 2005 e 2010, Angola beneficiou de uma contribuição financeira do APOC de 1,3 milhões de dólares (cerca de um milhão de euros).