Avaliação de impacto de projectos na saúde ainda não tem relevo que deveria
O director do Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina de Lisboa, recentemente criado, defendeu que, “muitas vezes, fazem-se estudos sobre o impacto ambiental [dos projectos], em que se verifica se um determinado empreendimento vai pôr em risco a saúde dos peixes, das plantas”.
“Há toda uma problemática em relação aos humanos e, por vezes, não se dá o relevo que se deve dar”, defendeu José Pereira Miguel, acrescentando que, para dar esta atenção, “é preciso investigar quais as metodologias e os processos adequados”.
“Cada vez mais as pessoas se vão questionar se certas iniciativas, que podem ser muito boas para a economia e outras finalidades, lesam os humanos ou não”, realçou.
Além desta questão, o Instituto pretende trabalhar outras preocupações, consequência da relação entre ambiente e os humanos, principalmente devido aos efeitos que muitas das actividades por eles desenvolvidas têm na natureza, causando desequilíbrios que acabam por reflectir-se na saúde.
A qualidade do ar do interior, dos edifícios, mais relevante em alguns países do que em Portugal, e do exterior, nas cidades e nas zonas industriais, a questão dos campos electromagnéticos, das ondas de calor e das alterações climáticas são outros assuntos destacados pelo director do Instituto de Saúde Ambiental.
Sobre as emergências de saúde ambiental, defendeu: em Portugal “não temos tido tanto problema com as ondas de frio, mas relacionado com as ondas de calor, temos muita coisa que é preciso estudar, avaliar, investigar”.
Questionado acerca dos problemas de saúde que derivam das alterações climáticas, como de focos até agora ausentes em Portugal, José Pereira Miguel referiu que “esse é um aspecto que preocupa porque com as alterações climáticas podem fazer vir [para Portugal] certos vectores”, seres vivos que podem transmitir doenças, como mosquitos ou pulgas.
Com as mudanças do clima, com o aquecimento, por exemplo, “é natural que venham bichos desses para o nosso território e que venham alguns infectados com determinados agentes, portanto, há realmente uma relação entre as alterações climáticas, as doenças infecciosas e os vectores dessas doenças”, apontou.