Sistema de cobrança coerciva para facilitar pagamento e não para impedir acesso à saúde
O projecto para cobrar coercivamente as taxas moderadoras arranca em Setembro, no Centro Hospitalar do Alto Ave, prevendo-se que seja alargado progressivamente às restantes instituições (incluindo hospitais público-privados), até ao início do próximo ano, altura em que todas deverão estar ligadas, segundo os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS).
“O objectivo do Ministério da Saúde é garantir que não ficam taxas moderadoras por cobrar. Este é um sistema de simplificação para o utente que irá permitir às cerca de 400 unidades de saúde locais comunicarem num único sistema”, explicam numa resposta enviada à Lusa.
A escolha do Centro Hospitalar do Alto Ave para iniciar o projecto prende-se com “uma questão de comodidade processual, no que respeita à implementação”.
Trata-se de um sistema centralizador – denominado SITAM – que permite a gestão de emissão de cartas e notificações dos pagamentos e cobranças.
A cobrança coerciva só ocorrerá se não se cumprirem as anteriores etapas, como o pagamento imediato no dia da prestação dos cuidados ou nas 48 horas seguintes.
Caso não se verifique este pagamento, é enviado um aviso para pagamento em carta simples, na qual consta no novo prazo de pagamento.
Na persistência de falta de pagamento, o passo seguinte será a “notificação que conterá o valor das taxas moderadoras devidas pela utilização dos serviços de saúde, num período de 90 dias, que será enviada para a morada do domicílio fiscal do utente”.
Este pagamento poderá ser efectuado no prazo de 10 dias, através de multibanco ou presencialmente na entidade jurídica, sendo o processo automático a partir daqui: o SITAM envia os dados à ACSS (Administração Central dos Serviços de Saúde) e o processo é remetido à Autoridade Tributária.
A criação de uma ferramenta para o fisco cobrar taxas moderadoras em dívida já suscitou a reacção do Movimento de Utentes de Saúde. Estes consideram que a medida “não tem cabimento” e que o Governo devia preocupar-se com a eliminação dessas taxas.
Manuel Villas-Boas, do Movimento de Utentes de Saúde, acrescentou que existem já, em sede da Assembleia da República, propostas para a revogação da medida, e que o movimento reivindica “há muito” a eliminação das taxas moderadoras.
O responsável lamenta que o ministro da Saúde esteja “mais preocupado” com as taxas do que com o Serviço Nacional de Saúde e a prestação dos cuidados médicos aos doentes.