Alentejo e Algarve com carência de psiquiatras
O Alentejo e o Algarve têm graves carências de profissionais de saúde mental. As duas regiões estão abaixo dos rácios ideais em número de psiquiatras, mas também de enfermeiros e técnicos especializados, aponta o relatório do grupo de trabalho sobre cuidados de saúde mental nomeado pelo Governo, que agora foi publicado e divulgado pelo Público Online. Em sentido contrário, a região de Lisboa tem um número de médicos acima da média nacional. Estas assimetrias regionais são o principal traço da caracterização do sector que é feita neste estudo.
Segundo os rácios de psiquiatras, nas regiões do Alentejo e Algarve os números situam-se “em cerca de metade dos desejáveis”, lê-se no relatório do grupo de trabalho. Já as restantes regiões têm valores acima do definido pela Direcção-Geral de Saúde, ultrapassando os 45% das necessidades, no caso de Lisboa e Vale do Tejo. O rácio de psiquiatras na região em torno da capital é de 2,3 por cada 25 mil habitantes, um número acima da média nacional (2).
É o Alentejo quem está em piores condições nesta análise, tendo apenas oito psiquiatras para uma população de 429.541 habitantes. Estes números colocam a região com mais suicídios do país com um rácio de 0,5 clínicos por cada 25 mil habitantes.
O cenário repete-se na Psiquiatria da Infância e da Adolescência, com apenas um médico especialista para uma população de mais de 80 mil pessoas naquela zona do país. O rácio (0,8) fica mais uma vez aquém da média nacional (5 médicos). O quadro do Algarve apresenta resultados um pouco melhores, mas ainda assim claramente abaixo da média. Naquela região, existem apenas 20 psiquiatras para a população adulta (1,3) e 2 para crianças (1,6).
Ao contrário do que acontece com os adultos, no caso da Psiquiatria da Infância e da Adolescência há falta de médicos em todas as regiões do país. A situação é classificada no relatório como “bem mais preocupante”, pois apenas nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Norte o número de clínicos é ligeiramente superior a metade do desejável.
“Constata-se uma assimetria entre as regiões e, dentro destas, entre serviços, em todos os sectores profissionais considerados”, lê-se nas conclusões do relatório do grupo de trabalho, que identifica também que o rácio de enfermeiros, técnicos de serviço social e terapeutas ocupacionais se encontra abaixo do adequado. No sector da Enfermagem, só nas regiões do Centro e de Lisboa e Vale do Tejo os números se aproximam do desejável, “sendo particularmente baixos nas regiões do Alentejo e Algarve”, conclui o grupo de trabalho.
O relatório do Grupo de Trabalho para a Avaliação da Situação da Prestação de Cuidados de Saúde Mental e das Necessidades na Área da Saúde Mental - datado de Junho, mas disponibilizado no Portal da Saúde apenas na última sexta-feira - está em discussão pública até ao final do mês.