Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo

Médicos e educadores com mais queimaduras solares graves

Os profissionais de saúde e de educação apanharam mais queimaduras solares graves do que a população geral, embora sejam mais conhecedores e estejam mais esclarecidos quanto aos cancros de pele, indicam estudos revelados ontem.

Os estudos baseiam-se em 836 inquéritos feitos pela Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), sobre “comportamento da exposição solar”, a profissionais de educação, saúde e população em geral.

Quando questionados sobre as queimaduras solares, 57% responderam ter tido queimaduras graves, mas a percentagem é maior na população diferenciada (63% médicos, 60% farmacêuticos, 59% enfermeiros, 56% educadores), do que na população geral (46%).

A queimadura solar foi grave e ocorreu antes dos 15 anos em 33% dos casos, mas ocorreu em maior percentagem na população diferenciada (43% médicos, 38% farmacêuticos, 31% enfermeiros, 29% educadores) do que na população geral (24%).

Questionados sobre férias tropicais, 46% afirmam terem-nas tido nos últimos 10 anos, mas foi mais frequente na população diferenciada (63% médicos, 47% farmacêuticos, enfermeiros e educadores), do que na população geral (27%).

Segundo Osvaldo Correia, secretário-geral da APCC, as férias curtas, sobretudo para países tropicais, provocam muitas vezes choques térmicos, porque as pessoas não se protegem devidamente e não fizeram uma adaptação gradual ao sol, como deveriam fazer.

Dos 39% inquiridos que afirmaram ter ocupações ao ar livre, 26% referiram “nunca colocar protector solar quando expostos ao sol”, mas esta percentagem é maior na população geral (51%) do que na população diferenciada.

Quando a tomar banhos de sol 75% referem colocar sempre protector solar, uma prática que é menos frequente na população geral (59%) do que entre profissionais de saúde e educação.

O grau de conhecimento sobre a queratose actínica (uma lesão precursora do carcinoma espinocelular) é bastante mais evidente entre os profissionais de saúde.

Dos 60% que afirmaram conhecer aquele tipo de lesão, apenas 14% da população geral e 25% dos educadores a conheciam, comparando com os médicos (95%), farmacêuticos (74%) e enfermeiros (72%).

O autoexame é feito por 67% da população geral, um número que Osvaldo Correia considera fundamental aumentar: “Há que estimular o autoexame e a sua frequência”.

Sobre a frequência de solários, que têm “risco provado de aumento de cancro”, os inquéritos revelaram que são mais frequentes entre a população diferenciada, sobretudo educadores, do que entre a população geral.

A este propósito, a APCC apresentou ontem, na comissão parlamentar de Saúde, uma proposta de alteração da legislação relativa aos solários, que tenda a encerrá-los.

Já em 2013, a APCC propôs uma alteração da legislação que aumentasse a “fiscalização efectiva” destes espaços e que gradualmente os encerrasse de vez. 

Fonte: 
Jornal de Notícias Online
Nota: 
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