40% dos diabéticos em Portugal não estão diagnosticados
Mais de 700 médicos nacionais e estrangeiros deverão participar, entre hoje e domingo num hotel de Vilamoura, no XV Congresso Português de Endocrinologia, que coincide com a 65.ª Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo.
Segundo João Jácome de Castro, presidente da comissão organizadora do congresso, o diagnóstico tardio da doença pode conduzir a complicações - acidentes vasculares cerebrais, cegueira, insuficiência renal, amputações e enfarte agudo de miocárdio -, razão pela qual é fundamental fazer os rastreios da doença, mesmo sem sintomas desde que estejam presentes os factores de risco.
O especialista referiu que se estima que entre 5% e 10% da população portuguesa tenham doenças da tiroideia e mais de um milhão sofram de diabetes, o que o leva a considerar insuficientes os 200 endocrinologistas existentes em Portugal.
“Para tratarmos mais cedo, temos de diagnosticar, temos de saber que a pessoa tem diabetes e esse é o grande desafio”, observou, defendendo a colaboração entre médicos de clínica geral e familiar e médicos endocrinologistas, para garantir um tratamento uniforme em qualquer ponto do país.
No caso do tratamento da diabetes, o especialista destacou a recente aprovação de um fármaco que permite controlar a diabetes, não provoca hipoglicémia - baixa de açúcar no sangue -, e o peso dos doentes.
“Portugal era o único país da Europa que ainda não tinha este remédio aprovado e comparticipado”, comentou João Jácome de Castro, que acredita trata-se de um medicamento que vai ter um impacto significativo.
Endocrinologistas debatem importância do iodo na gravidez
A importância de se tomar iodo durante a gravidez para reduzir o risco de lesões cerebrais nos bebés é um dos temas que estará hoje em debate na abertura do congresso.
O tema vai ser aprofundado pelo especialista dinamarquês e ex-presidente da Sociedade Europeia da Tiroide, Peter Laurberg, que apresenta a conferência “Iodo, doenças da tiróide e o risco de lesões cerebrais nos fetos”, em Vilamoura.
João Jácome de Castro explicou que a norma recentemente emitida pelo Ministério da Saúde, que recomenda a administração de iodo a grávidas, surgiu após um estudo que revelou que 80% das grávidas portuguesas apresentam défice deste elemento.
“A Organização Mundial de Saúde considera que o défice de iodo é a principal causa evitável de atraso mental”, reforçou aquele especialista, acrescentando que o tratamento é simples e custa menos de dois euros por mês.
João Jácome de Castro defendeu a divulgação desta matéria junto da população como forma de sensibilização e para que as grávidas possam falar com os seus médicos.