Vítima de acidente só encontrou vaga em hospital de Lisboa
José Sarmento, pai da vítima, explicou que, na sequência do acidente, o filho, Hugo Sarmento, de 20 anos, deu entrada no hospital de Chaves cerca das 2 horas de sábado inconsciente e em estado “grave”.
Tendo de ser transferido para uma unidade de neurocirurgia, dado Chaves não ter a especialidade, os hospitais mais próximos - Porto, Gaia, Matosinhos e Braga - disseram não ter vagas, segundo o pai, pelo que acabou por ser encaminhado para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, de ambulância, em mais de quatro horas de viagem, porque o helicóptero não tinha condições de segurança para levantar voo.
Hugo Sarmento saiu de Chaves cerca das 6 horas, depois de três horas de espera, fez cerca de 400 quilómetros até Torres Novas de ambulância onde, depois de pedido médico dado o agravamento do seu estado de saúde seguiu até Lisboa no helicóptero de Coimbra.
Na opinião do pai da vítima, perdeu-se “muito tempo” à espera do helicóptero, quando estavam já a 30 minutos de Lisboa. Neste momento, afirmou o pai, Hugo Sarmento está em coma induzido, mas estável. “Se tivesse uma hemorragia grave tinha morrido”, disse.
A Tomografia Axial Computadorizada (TAC) detectou-lhe "dois ou três" coágulos de sangue no cérebro, daí a necessidade de ser transferido, disse o pai.
“Quando pediram a transferência para o Porto, no Santo António, disseram que não o podiam receber porque estava cheio, no São João não o pretendiam porque estava ocupado, parece que andaram a ligar para Gaia, Matosinhos e Braga, mas ninguém o quis receber, não faço ideia do que se passou, só arranjaram vaga no Santa Maria”, disse. E, acrescentou, “os serviços estavam cheios, as vagas estavam cheias, no Norte e Centro ninguém o recebeu, nem o atendeu, teve de ir para o sul. Isto é um escândalo”.
José Sarmento considerou uma “vergonha” não haver “nenhum” hospital que receba um doente que precisa de ajuda. Além disso, realçou o facto de a ambulância do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) de Chaves ter ficado inoperacional durante “várias” horas, dado ter tido de efectuar o transporte do filho até Lisboa.