Rotavírus e HPV: saiba porque deve vacinar os seus filhos
O Rotavírus é a principal causa de gastroenterite aguda em crianças, em todo o mundo, estimando-se que seja responsável por cerca de 500 mil mortes por ano. Transmitido por via fecal-oral, ou seja, “através de fezes de crianças infetadas, superfícies e objetos contaminados”, como brinquedos ou fraldas, é nas creches e nas escolas onde existe maior risco de contágio.
“Os principais sintomas da gastroenterite aguda provocada pelo Rotavírus são os mesmos que qualquer outra gastroenterite, ou seja, a febre, os vómitos e a diarreia”, podendo estes apresentar maior ou menos gravidade conforme explica o pediatra especialista em neonatologia. “É característico que uma criança possa ter 10 a 20 episódios de vómito e diarreia em 24 horas”, acrescenta destacando que, entre as principais complicações da doença, encontra-se a desidratação. Dependendo da sua gravidade, podem ainda surgir convulsões e alterações eletrolíticas (“nos iões do organismo, como o sódio e o potássio”).
O diagnóstico é feito, habitualmente, pelo reconhecimento dos sintomas. “No entanto, poderá ser confirmado pela análise das fezes das crianças infetadas, onde é detetada a presença do vírus”, acrescenta Luís Gonçalves.
Quanto ao tratamento, este é sobretudo assintomático, consistindo no tratamento dos sintomas como a febre, vómitos e/ou diarreia. Neste sentido, e tal como explica o especialista, “o mais importante é a reposição de líquidos e eletrólitos perdidos, com a ingestão de água e soros de hidratação oral”. Em alguns casos, pode ser recomendada a utilização de probióticos.
Uma vez que a incidência da doença em países em vias de desenvolvimento e industrializados é semelhante, é pouco provável que a “melhoria da higiene e qualidade da água” seja suficiente para controlo desta infeção. O prognóstico deve-se essencialmente a um melhor acesso e à qualidade dos cuidados de saúde.
No entanto, são de assinalar alguns cuidados que podem minimizar o risco de transmissão da doença, como lavar sempre as mãos após a muda da fralda, desinfetar as superfícies e objetos ou brinquedos contaminados. Por outro lado, a criança deve ficar em casa.
“Apesar de tudo isto, a principal arma está na prevenção e controle da transmissão desta doença e isso só poderá ser feito pela administração da vacina”, reforça o pediatra.
De acordo com Luís Gonçalves, a vacina pode proteger as crianças logo após a primeira dose. É o caso da Rotateq que, de acordo com vários estudos oferece uma proteção contra a doença entre 82 a 100%, após a primeira toma. “Com o esquema completo de administração (3 doses) esta proteção pode durar até sete anos”, revela.
Segundo a Sociedade Portuguesa de Pediatria e a Sociedade de Infeciologia Pediátrica, todas as crianças devem ser vacinadas, independentemente de frequentarem ou não a creche ou infantário. “Como se trata de uma vacina oral, normalmente é bem aceite pelos pais”, adianta o médico.
HPV: rapazes devem ser vacinados a partir dos 9 anos
“O Papilomavírus Humano (HPV) é o principal responsável pelas verrugas ano-genitais e, dado o seu potencial oncogénico, é o responsável pelas lesões pré-malignas e malignas a médio/longo prazo”, começa por explicar o diretor do Departamento de Pediatria e Neonatologia do Grupo HPA, destacando o cancro do colo do útero, vulva, vagina ou ânus como principais complicações.
“Também poderá ser responsável por alguns tumores da cavidade oral e orofaringe, pénis e papilomatose larínge recorrente”, acrescenta.
Sabe-se que a sua transmissão é muito fácil e frequente, estimando-se que entre 70 a 90% da população entre em contacto com o vírus em algum momento da sua vida e embora existam mais de 120 tipos diferentes de HPV, a vacinas podem proteger até nove tipos. “A Gardasil9 é uma vacina nonavalente, ou seja, protege contra nove tipos de HPV: 9, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52, e 58”, afirma Luís Gonçalves explicando que estes são os serotipos mais frequentes, mais prevalentes, mais oncogénicos e os mais perigosos em relação à saúde a longo prazo.
De acordo com as orientações da Sociedade Portuguesa de Pediatria e a Sociedade de Infeciologia Pediátrica, todas as crianças devem ser vacinadas, independentemente do sexo. “As raparigas podem ser vacinadas de forma gratuita no Programa Nacional de Vacinação aos 10 anos. As mulheres que não foram vacinadas devem fazê-lo independentemente da idade”, refere acrescentando que os rapazes devem ser vacinados a partir dos nove anos, apesar de ainda não estarem incluídos no PNV. Neste caso, devem fazer duas doses aos 9 e 14 anos ou 3 doses se se vacinarem após os 15 anos.