Especialistas esclarecem

Será perigoso para a saúde comer alimentos com bolor?

Imagine que esqueceu uma fatia de pão de forma no armário ou deixou um iogurte abandonado durante muito tempo no frigorífico. Em pouco tempo, esses alimentos podem apresentar na sua superfície uma espécie de “penugem” verde (na maioria dos casos) e com um cheiro estranho bafiento. Trata-se do conhecido mofo, ou bolor, como também é chamado.

Os bolores nada mais são do que uma concentração muito grande de fungos, organismos considerados decompositores na natureza e presentes em qualquer lugar em que haja matéria orgânica disponível, como restos de plantas ou animais mortos.

Assim, a tal “penugem” que costumamos ver no alimento com bolor são as hifas, ou seja, as estruturas em forma de fios que compõe o corpo dos fungos.

De acordo com o biomédico Roberto Martins Figueiredo, conhecido como “Dr. Bactéria”, o fungo, por si só, não é prejudicial. “Mas alguns tipos produzem micotoxinas (substâncias tóxicas) que causam desde intoxicações alimentares até cancro do sistema hepático”, explica.

Como existem milhares de tipos de bolores conhecidos, é difícil saber se o desenvolvido em determinado alimento fará mal ou não à saúde, escreve o Diário Digital. Então, na dúvida, o melhor é não consumir o pão, a fruta, o iogurte ou qualquer outra comida com aquele aspeto bafiento.

Segundo a investigadora Rosely Piccolo Grandi, do Núcleo de Pesquisa em Micologia do Instituto de Botânica de São Paulo, o recomendado é descartar qualquer alimento. “As estruturas dos fungos são microscópicas e não é possível saber se tudo foi eliminado. As que permanecerem no alimento podem causar problemas”, diz.

Para Figueiredo, é possível recuperar parte de algumas frutas, como o mamão. «Com uma faca, retire o bolor e elimine, ainda, de um a dois dedos da parte boa da fruta que estava ao lado e na parte de baixo da área comprometida.»

Em muitos casos, a alta temperatura pode matar o fungo, mas mesmo assim não se recomenda consumir o alimento já que as estruturas de reprodução do fungo, conhecidas como esporos, ainda podem permanecer no alimento.

E, atenção, nem todo o mofo é verde. Também podem ter tons de azul, cinzento, castanho, laranja e outras cores; variando de acordo com o tipo de fungo que está a desenvolver-se. Geralmente, a cor verde ou os seus tons (acinzentado ou azulado) indicam a presença das estruturas de reprodução dos fungos (esporos).

Mas nem todos os alimentos mofados podem ser considerados maléficos para o nosso organismo. Há muito tempo, os fungos são utilizados na preparação de queijos (gorgonzola?), certos tipos de salame e bebidas fermentadas. E por que é que não fazem mal? “Nesses casos a utilização dos fungos é bem controlada e os tipos de fungos usados são bem conhecidos”, explica Rosely.

Fonte: 
Diário Digital
Nota: 
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