Sabe as diferenças entre alergia alimentar, intolerância alimentar e doença autoimune?
Alguns alimentos tais como cereais (trigo, centeio, cevada), crustáceos (lagosta, camarão), ovos, peixe, amendoins, soja, leite e seus derivados, frutos de casca rija (frutos secos como amêndoa, avelã, nozes e coco), aipo, mostarda, sementes de sésamo, entre outros são exemplos de alimentos prevalentes em alergias alimentares. As alergias acontecem de forma continuada e ao longo de toda a vida, apesar de poderem desaparecer, normalmente ainda na infância. Os sintomas manifestam-se através de sintomas na pele, dificuldades respiratórias, ou cardíacas, por exemplo.
Por outro lado, a intolerância alimentar caracteriza-se pela resposta fisiológica do organismo a um alimento, não envolvendo o sistema imunológico. Pode desenvolver-se a qualquer altura da nossa vida, associando-se a um consumo excessivo de determinado alimento ou a uma patologia que envolva alterações morfológicas ou anatómicas do intestino. As intolerâncias alimentares são mais difíceis de detetar do que as alergias, uma vez que a resposta não é tão evidente e exacerbada como no caso das alergias e podem não apresentar reação causa-efeito imediata.
De acordo com Ana Lúcia Silva, Vice-Presidente da ALIMENTA “A investigação nestas áreas tem sido limitada, pelo que a falta de informação científica não permite saber de forma concreta quantas pessoas têm alergias ou intolerâncias alimentares, contudo estima-se que até 10% da população possa apresentar alergias alimentares. Estes dados podem ir até 35% caso as reações adversas aos alimentos sejam auto reportadas (sem confirmação clínica). Relativamente à doença celíaca estima-se que 1% da população mundial apresente esta doença autoimune.”
A nutricionista reforça ainda que “apesar da pouca evidência científica quanto às prevalências de alergias e intolerâncias alimentares, sabe-se do ponto de vista empírico que cada vez mais pessoas reportam reações adversas a alimentos, principalmente nos países industrializados, em idade pediátrica quando comparado com a idade adulta e que os alergénios mais comuns, tais como o leite de vaca, amendoim, frutos de casca rija, marisco e trigo, são responsáveis por aproximadamente 90% das reações alérgicas.”
As dificuldades na definição de alergias e intolerâncias alimentares, devem-se ao facto de a maioria dos estudos envolverem amostras de conveniência e não representativas da população, bem como a utilização de diferentes metodologias. Contudo pelo aumento de casos e severidade das alergias alimentares, a investigação tem evoluído bastante nos últimos anos e continuará num futuro próximo trazendo novos dados e métodos de diagnóstico e de tratamento mais céleres.
Já as doenças autoimunes, tais como o lúpus, doença de crohn, artrite reumatóide ou psoríase, definem-se através de uma resposta imunológica adversa contra as células (tecidos ou órgãos) do próprio organismo, como se de um agente agressor se tratasse. A doença celíaca, por exemplo, é uma doença autoimune caracterizada pela reação imunológica contra as células do intestino delgado após a ingestão de glúten (proteína presente nalguns cereais tais como trigo, centeio e cevada). Até hoje não se conhece nenhum outro tratamento possível que não a dieta isenta de glúten para toda a vida, o que permite a regeneração das lesões do intestino e a recuperação do organismo.
De forma a alertar a sociedade para este tipo de problemas e angariar fundos para financiar estudos e investigações científicas, a Maratona da Saúde, escolheu o tema “Alergias e Doenças Autoimunes” para a sua 5ª Edição que está neste momento a decorrer em parceria com a RTP. O objetivo é aliar o entretenimento à sensibilização e à angariação de fundos para apoiar projetos de investigação científica na área da saúde desenvolvidos em Portugal.