Estudo sobre o acesso à trombectomia mecânica avalia desigualdades regionais
Com este estudo, a Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral pretende “caracterizar acesso nacional à trombectomia endovascular, especificando e avaliando a sua equidade regional”, explica o Dr. João Sargento Freitas, um dos autores do estudo. Por outras palavras, o objetivo é identificar áreas geográficas com potenciais limitações nesta terapêutica, servindo os resultados desta análise como “base para a discussão da rede nacional de prestação de cuidados ao doente com AVC, especificamente na realização da trombectomia mecânica”, acrescenta o médico.
A trombectomia endovascular ou mecânica é um procedimento que consiste na remoção de um trombo (coágulo), sob orientação de imagem, utilizado em casos de AVC isquémico (oclusão da artéria cerebral), quando não há indicação para o doente realizar trombólise endovenosa (processo pelo qual se dissolve um trombo formado na corrente sanguínea, que só pode ser administrado nas primeiras horas após a ocorrência do AVC). O procedimento passa pela incisão do vaso sanguíneo por cateter para extração do coágulo e é efetuado por profissionais especializados, nomeadamente de Neurorradiologia de Intervenção. A trombectomia mecânica é um tratamento inovador para os doentes com AVC que tem a vantagem de levar à rápida remoção dos trombos, mostrando-se eficaz na recanalização das artérias cerebrais e na redução de sequelas do AVC.
Neste trabalho, foi feito um levantamento do número de procedimentos deste tipo a nível nacional, com a recolha de dados entre junho 2015 e junho 2017. “Já nesta reunião vamos ter disponível uma análise de base epidemiológica, robusta, com as taxas locais de acesso a trombectomia austadas para os principais fatores demográficos”, avança o Dr. João Sargento Freitas.
A 15.ª Reunião Anual da SPAVC irá decorrer ao longo de todo o dia e, para além da apresentação do estudo EVT-PT, abordará temas variados na área da prevenção, diagnóstico e do tratamento do AVC, entre as quais uma sessão inédita sobre o papel da tecnologia para os profissionais desta área. “As novas tecnologias poderão contribuir para uma comunicação mais eficaz entre os cuidados pré-hospitalares e hospitalares, permitindo assim uma referenciação mais rápida e eficaz destes doentes, tal como desempenhar um importante papel na referenciação inter-hospitalar”, afirma o Dr. João Pedro Marto, um dos palestrantes da sessão intitulada “Quais as ferramentas ideais que um ‘strokologista’ deve ter no seu smartphone”, que decorrerá ao início da tarde.
Na área de prevenção, o médico destaca a aplicação ‘Stroke Riskometer’, que “permite um cálculo aproximado do risco individual de AVC no espaço de 5 e 10 anos”, explica. Na área de tratamento “existem aplicações que auxiliam na tomada de decisão terapêutica, com fácil acesso a escalas de avaliação e recomendações”.