A cada três segundos, uma pessoa no mundo recebe diagnóstico de demência
Os dados são do relatório mundial sobre a doença de Alzheimer de 2016 e são destacados pelo presidente da Alzheimer Portugal, José Carreira, a propósito da cimeira internacional sobre a doença que decorre esta semana na Fundação Champalimaud, em Lisboa.
As demências podem atingir 75,6 milhões de pessoas em 2030 e em 2050 chegar a mais de 130 milhões. A doença de Alzheimer representará entre 60 a 70% de todos os casos.
José Carreira diz que os dados sobre a doença em Portugal são oscilantes e apenas estimativas, mas apontam para mais de 180 mil pessoas com demências, 150 mil delas com Alzheimer, a forma de demência mais prevalente.
Muitos dos casos de demência não estão diagnosticados, uma realidade que afeta vários países desenvolvidos, estimando-se que quase metade dos casos possa não estar identificada.
“Um dos grandes problemas é a inexistência de diagnóstico ou o diagnóstico tardio. Duas a cada três pessoas sentem ainda que há pouca informação sobre demências”, refere o presidente da Alzheimer Portugal em declarações à agência Lusa.
Para a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos dos Doentes de Alzheimer, a preocupação central em Portugal é ter um plano e uma estratégia nacional “com um envelope financeiro”.
“Sem financiamento torna-se difícil fazer alguma coisa no Serviço Nacional de Saúde ou no mundo associativo”, frisa, indicando que Portugal é dos poucos países da União Europeia sem uma estratégia nacional definida.
Um plano e uma estratégia devem contemplar os cuidados a prestar às pessoas com demência mas também os seus cuidadores, incluindo os apoios a quem cuida e às organizações que atuam nesta área.
As demências envolvem recursos financeiros elevados, nota José Carreira. Segundo estimativas internacionais, se a demência fosse um país seria a 18ª economia do mundo em termos orçamentais com o que se estima que serão os encargos até 2050 dos serviços nacionais de saúde e dos sistemas de proteção social.
Mais de 80 especialistas mundiais em doenças neurodegenerativas mundiais vão estar na próxima semana na Fundação Champalimaud, em Lisboa, a debater a doença de Alzheimer.
O encontro tem como objetivo discutir e partilhar os recentes progressos em duas áreas: a da intervenção terapêutica e a área de investigação.