“Apenas uma pequena percentagem dos doentes com AVC têm acesso às Unidades de Reabilitação”
José Castro Lopes defendeu que a reabilitação deve começar no primeiro dia após o evento, ainda no hospital, e só deve terminar quando o doente recupera a sua autonomia. “Há sequelas que são mais difíceis de recuperar e que podem ser permanentes, mas há sempre uma grande margem para melhorar que é também muito condicionada pelo estado psicológico do doente. É aqui que devemos intervir porque qualquer pequeno progresso pode representar um grande passo para a autonomia do doente”.
“Infelizmente, apenas uma pequena percentagem dos doentes tem acesso às Unidades de Reabilitação, outra pequena parte é referenciada para Unidades de Cuidados Continuados Integrados e a grande maioria sai do hospital diretamente para casa”, reportou José Castro Lopes, sublinhando que a reabilitação ainda é o ponto fraco da abordagem dos doentes com Acidente Vascular Cerebral (AVC).
A melhoria dos cuidados prestados na fase aguda do AVC, nomeadamente o aparecimento da fibrinólise, da endarterectomia carotídea e a trombectomia, assim como a criação da Via-Verde do AVC e das Unidades de AVC constituídas por profissionais altamente qualificados tem contribuído para um aumento da sobrevivência e para uma menor incapacidade dos doentes que sofrem este tipo de eventos. No entanto, a cada hora que passa, três portugueses sofrem um AVC. Destes, um não sobrevive e uma grande parte dos restantes vai ficar com sequelas motoras e/ou cognitivas. Quando assim é, a introdução precoce de programas de reabilitação representa a única forma de o doente recuperar as suas capacidades, a sua independência e o regresso à sua vida.
Atualmente o Sistema Nacional de Saúde não tem unidades de reabilitação suficientes para dar cobertura a toda a população que delas beneficia, daí as desigualdades de acesso a este tipo de acompanhamento. Na perspetiva de José Castro Lopes “a reabilitação é um direito de todos os doentes e não uma esmola”. Segundo o presidente da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC) há grandes falhas no seguimento dos doentes com AVC por questões que se prendem com os elevados custos destes cuidados. No entanto, “os custos para os sistemas de saúde e para a economia nacional serão sempre mais elevados se os doentes não recuperarem a sua vida ativa e se ficarem dependentes de cuidadores e de cuidados de saúde permanentes”.