Imunização é essencial

Crianças no primeiro ano de vida são as mais afetadas pelo Vírus Sincicial Respiratório

Atualizado: 
31/01/2024 - 10:01
Em pleno inverno, e com a sobrecarga dos serviços de urgência, cuidar da saúde respiratória deve ser prioridade. Em Portugal, a principal causa de internamento entre os lactentes está relacionada com o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), um dos maiores responsáveis pelas doenças das vias respiratórias inferiores ao longo do primeiro ano de vida. Ainda que todas as faixas etárias possam estar vulneráveis a este vírus, estima-se que uma boa parte das crianças até aos dois anos possam contrair o vírus.

Com sintomas semelhantes aos provocados por uma constipação – tosse, secreções nasais e oculares, febre, dificuldade respiratória e pieira – a intensificação dos sintomas causados pelo VSR pode desencadear infeções graves: na maioria das vezes, bronquiolites e pneumonias virais.

À semelhança do que acontece com grande parte das doenças respiratórias, é nos extremos das idades que encontramos os mais fragilizados: o vírus afeta sobretudo recém-nascidos, lactentes, bebés prematuros e crianças com doenças cardíacas, pulmonares, neuromusculares congénitas ou imunocomprometidas, a par dos idosos.

As crianças são as mais afetadas

Os números falam por si: segundo dados lançados pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), entre outubro e dezembro de 2023, foram reportados 278 casos de internamento pelo Vírus Sincicial Respiratório pelos hospitais que integram a rede vigilância sentinela. Destes casos, 47% das crianças tinham menos de três meses de idade, 16% eram bebés pré-termo e 8% precisaram de ventilação ou foram internados em Unidade de Cuidados Intensivos. A estatística mostrou, também, que o vírus pode afetar mesmo os mais saudáveis: 95% das crianças internadas não haviam estado doentes.

Responsável por 50% a 80% dos internamentos por bronquiolite e pneumonia, o VSR é um vírus de fácil contágio que pode ser transmitido através de contacto direto. É predominantemente sazonal, ainda que não devam ser, de todo, descartados os cuidados ao longo de todo o ano.

Como evitar?

Para evitar a infeção por VSR, é essencial que se adotem alguns comportamentos de etiqueta respiratória como a lavagem frequente das mãos e a cessação ou redução da exposição ao tabaco e a outros fumos. Existem, ainda, outras formas de prevenção, nomeadamente a vacinação.

Em Portugal, estão disponíveis três estratégias de imunização, duas de administração em recém-nascidos e lactentes, e uma outra via imunização materna, entre as 24 e as 36 semanas de gestação. Esta vacina protege simultaneamente a mãe e o bebé. A estratégia é semelhante à da tosse convulsa, já incorporada no nosso PNV para grávidas.

Os Cuidados de Saúde Primários, Médicos e Enfermeiros de família, bem como a farmácia, devem ter um papel ativo na divulgação da vacinação, nomeadamente do VSR, promovendo um dos seus pilares de atuação que é a prevenção.

Imunização é a melhor forma de prevenção

Com os serviços de urgências perto da rutura, hoje mais do que nunca devemos fazer o possível para evitar a sua sobrecarga – como médicos, como pais e enquanto membros ativos da sociedade. O frio chegou com força e com ele o risco acrescido de infeção. Não arrisque – fale com o seu médico e informe-se sobre prevenção.

Autor: 
Dra. Cláudia Vicente - Coordenadora do Grupo de Trabalho de Doenças Respiratórias da APMGF
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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